O espírito de cidadania contagiou a todos com os movimentos dos últimos dias e a esperança de que é possível mudar a realidade em nosso país ganha cada vez mais adeptos. As imagens das grandes avenidas e das praças repletas de gente pedindo mudança e exigindo um novo Brasil faz o coração vibrar, mais que os jogos da seleção, e nos convida a sairmos da apatia e agirmos, ou reagirmos. É totalmente lícito, e necessário. No entanto, a questão que levanto aqui é como um cristão sai da apatia e reage? De que forma um cristão deve atuar num momento como esse para fazer a diferença que Deus deseja que ele faça?
Temos prioridades que não podem ser subvertidas sob pena de demonstrarmos que possuímos uma fé teórica, mas um ateísmo prático. Sugiro que antes de sairmos para as ruas e nos juntarmos à sociedade que protesta, devemos em primeiro lugar orar e interceder pelo nosso país. Quando uma criança se assusta, seu reflexo a leva a segurar na mão de seu pai. Quando um cristão tem um problema, ele se volta para o seu Deus. A oração chega em lugares que jamais chegaremos. Penso que nenhum cristão deveria participar de uma passeata se ele não tiver passado ao menos uma hora diante do seu Senhor em oração. Se uma passeata chama a atenção da mídia e de alguns políticos, a oração atrai o olhar de Deus. Talvez, para muitos que cresceram ouvindo que precisam agir e desconhecem o real poder da oração, esteja faltando a experiência orar e ver os céus se abrindo sem nenhuma intervenção de sua parte.
Em segundo lugar, quando nos juntamos à passeata e exigimos mudanças, não podemos nos esquecer de que essas mudanças serão implementadas por pessoas que provavelmente não mudaram por dentro e dessa forma, iremos trocar seis por meia dúzia numa sucessão de alterações sem transformações. O único poder de transformação real da sociedade é a mensagem do evangelho. São as boas novas de Jesus. Isso é o que transforma o homem de dentro para fora. E transformando o homem, transforma-se de fato a sociedade. Essa foi a revolução que Jesus liderou com seus doze discípulos à partir da qual o mundo nunca mais foi o mesmo. Não há nada melhor que um cristão possa fazer por sua comunidade do que lhe anunciar as boas novas de Jesus.
Em terceiro lugar, os cristãos não podem se esquecer de que sua cidadania é celestial. Aqui, somos apenas estrangeiros e para nós sempre prevalecem as leis do Reino a que pertencemos, não as daqui da terra.
Assim sendo, se você já orou hoje, já compartilhou o evangelho com alguém, seu coração está em paz diante de Deus, então, saia às ruas e manifeste – como cristão – sua indignação.
Henrique Callado